UrbaniCidades 1

UrbaniCidades

31/12/07
O lagarto senta-se de lado e se esconde sobre sua própria sombra
Em pleno extase da ascensão, uma cobra sibila segredos sensuais
Cavalos gigantes de cera examinam os vãos entre os prédios, caminhando lentamente sob o sol
(Minha mente faz recortes das minhas lembranças como propagandas)
Todos os ônibus param para admirar o sol negro da apocalipCidade, o momento mais astronomicamente monstruoso de milênios
Deliciosamente...
Os segundos passam - como segundos
Os minutos - como minutos
As horas - como horas

(Anarquistas provocaram o caos destruindo o estoque de papel-higiênico da cidade e bloqueando a chegada de novos estoques)

Atiro-me de boca aberta à boca aberta do crocodilo empalhado do zoo
Venço uma centena de poodles rosas com lacinhos tosados na França
E os mosquitos do meu pára-brisas limpam-se nas clocas dos pombos que declararam guerra às formigas de meu armário "fresco, seco, protegido do calor, da umidade..." (um pequeno paraíso na cozinha)

Bolhas escuras nas piscinas interrompem a fritação das classes. Mais bolhas, pesadas... lentas... escuras... estão quase... arrebentando... então abrem seus olhos e se juntam às primeras para formarem um hipopótamo. Os animais olham para as classes, que os olham de volta. O peso da inutilidade e letargia calorenta de um se apoia no peso físico do outro, que podem ficar ali por dias, até chegar o final de semana, outro presidente ser proclamado ou uma nova moda lançada.

Ainda babando, apoio-me em uma perna para imitar o flamingo que está no meu box. Só borboletas caem do chuveiro e eu penso se vou ter que pagar por elas e também...

Para quem ?